sábado, maio 26, 2007

A merceeira


Sempre sorridente, lá está ela atrás do seu balcão de madeira com o seu avental branco sempre limpo e imaculado. Seja de manhã, de tarde ou ao cair da noite, aquele largo e franco sorriso enche-nos o coração de tranquilidade e por instantes esquecemos a nossa vida e estamos ali, naquela pequena mercearia, com frutos viçosos e robustos e frescos legumes recém colhidos daquelas terras férteis. Lá fora uma aragem fresca percorre a larga e ensolarada praça, fazendo com que as folhas das árvores murmurem a melodia da primavera. E aquela pequena figura, de olhos redondos e expressivos guia-nos por entre o seu mundo de pequenas marroquinarias, alimentos tradicionais, fumados e frescos, entretendo-nos com algumas palavras ditas numa voz fina e musicada que nos faz sorrir e sentir-nos crianças de novo. O tom alegre em que fala combina com o laranja vivo das cenouras, o verde claro das alfaces, o rosa subtil dos cheirosos sabonetes e o azul vibrante das barras de sabão… Quando dou por mim, mergulhei de novo na minha infância em que, embalado, desfruto de novo do fofo abraço do meu urso de peluche e sinto o aroma fresco a lavanda que os meus lençóis e almofada emanam.

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